segunda-feira, 21 de julho de 2008

Teimosia - Até quando?

Algo que me perturba muito é quererem colocar gestão da inovação dentro de controle de gerenciamento de projeto.

Ou então, remover todas as oportunidades de inovar em projetos devido ao excessivo controle gerencial do projeto em ter a data e os requisitos já definidos antes do início do projeto.

Aí digo para os gestores alocarem um tempo inicial ou durante a fase de feasibility para identificar pontos possíveis de inovação e os riscos associados para essa inovação fluir conforme a necessidade e o time identificar o real ponto onde encaixar a inovação gerando valor e haver um tremendo ganho para o produto e consequentemente para a empresa.
Acredito que eu trabalho em uma empresa muito retrógrada apesar de ser conhecida como inovadora.

Vejam o fato ocorrido aqui já há aluns meses (em 2007). Estavamos desenvolvendo um projeto tecnológico, e um dos desenvolvedores (software) resolveu compartilhar com o time o conhecimento adquirido, e dizia que poderia com pouco esforço melhorar muito a interface com o usuário (U.I.). Os gestores funcionais de de projeto recusaram essa inovação por trazer risco ao cumprimento dos prazos do projeto adicionando funcionalidades não requeridas na especificação inicial.

Como todo bom pesquisador, engenheiro (e teimoso - por que não?) ele insistiu na inovação trabalhando por conta própria, arriscando seu emprego. Ao perceberem, o gestor do projeto questionou o que ele estava fazendo já que a resposta inicial havia sido: "NÃO!"
Ele disse que estava trabalhando durante seu tempo de folga (cafezinho, almoço, etc) em sua idéia. "Ahá!" - disse o gestor - "Você tem tempo sobrando?"
Mais do que depressa, a iniciativa do inovador trouxe a paga. Ele ganhou serviço adicional. Assim ocuparia todo seu tempo e não poderia dedicar-se ao "seu projeto" de melhoria.
Mas, como todo bom "teimoso" ele ficava fora de horário para fazer sua idéia crescer. Outra vez, ganhou mais serviço, já que poderia fazer hora extra.
Bem, o teimoso teimou novamente, e aos sábados, domingos, feriados e horários da "Sessão Coruja" fazia seu projeto longe dos olhos do gestor de projetos que tinha como alvo único o prazo e nem queria saber do ganho de funcionalidade para o consumidor final.
Afinal, o que ele ganharia com isso? Não fazia parte do escopo do projeto e nem das métricas que pagariam seu bonus.

Após algum tempo o "teimoso" trouxe uma versão do produto com seu próprio release de software funcionando.

Claro que todos ficaram boquiabertos por ser realmente algo fantástico. Não acreditem que o gestor do projeto ficou maravilhado. A teimosia do gestor era maior que a do "teimoso" em questão.
O gestor funcional (o chefe) gostou, mostrou para a gerência de marketing e gerência senior e decidiram incorporar o avanço técnico do produto nas especificações e seguir daquele ponto em diante. O gestor do projeto apenas aceitou se todos concordassem que se isso trouxesse a menor possibilidade de atrasar a entrega do produto a funcionalidade seria removida imediatamente (a teimosia do gestor imperou) e a alta gerência assumiu os riscos e o projeto prosseguiu com a nova funcionalidade.

Até quando seremos míopes de ver apenas os processos que estamos seguindo, e esquecermos do por quê eles foram criados inicialmente? Sem inovação não teríamos projetos para serem controlados pelos processos.

Até quando os gestores deixarão oportunidades únicas passarem diante de seus olhos e perderem mercado ou levarem a empresa a situações críticas onde será difícil ser erguida novamente?

Até quando deixaremos de incorporar uma política interna de recompensar falhas que poderiam levar ao sucesso inusitado e recompensar métodos e processos caóticos e engessados que evitam que inovações aconteçam com maior frequência?

Até quando deixaremos os verdadeiros inovadores que o fazem bottom up ficarem frustrados e até mesmo deixarem nossas empresas para acharem seu lugar ao sol em nossos concorrentes?

Até quando?

Alguem pode responder?, por favor!!!!

Inspiração no blog abaixo:
http://tomanini.blogspot.com/2008/06/inovar-ou-desaparecer.html

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