quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Muitas pessoas ajudam ou atrapalham?

Muitas pessoas trabalhando juntas ajudam ou atrapalham o processo de inovação?
Ou será que a necessidade é a mãe das invenções/inovações?


Esse foi um comentário feito no tema sobre os 10 perfis listados por Tom Kelley da empresa de design IDEO (CA, USA).

Na minha opinião e prática, a empresa, ou o local onde acontece a inovação precisa estar aberto para receber a inovação. O grupo de trabalho tem uma participação secundária nesse processo, mesmo que esse grupo seja o responsável por "fazer acontecer" a inovação.

Muitas pessoas trabalhando no mesmo sentido de inovar em um processo ou em um produto/serviço ajudam muito a qualidade da inovação e o grau de inovação atingido.

Costumamos dizer uns aos outros que devemos nos reunir para trocarmos idéias a respeito de determinado assunto, ou projeto.
Isso é um engano da língua portuguesa. Não temos idéias repetidas que queremos trocar com outros da mesma forma que fazíamos quando pequenos com álbum de figurinhas.

Aqui entra o famoso "1+1>2" (um mais um não são dois, é maior que dois), ou seja quando nos reunimos com idéias próprias e colocamos sobre a mesa de discussões, caderno de anotações, brainstorm de post-it, etc..., nós na verdade estamos dando nossas idéias para outras pessoas e recebendo as idéias delas. Não trocamos de idéia. Somamos as idéias dos outros ao nosso vocabulário de idéias e vice-versa. Todos saem ganhando idéias novas e algumas são elencadas para serem implementadas no projeto.

Quando temos muitas pessoas, várias idéias são listadas e podemos selecionar as mais relevantes e as que agregariam maior valor ao produto final (segundo ótica do usuário final) e dividir a tarefa de implementá-las (caso sejam muitas). Com poucas pessoas participando do processo inovador, a geração de idéias fica limitada na maioria das vezes, e o processo de implementação sobrecarrega os participantes.

Como posso automatizar um processo se eu tenho que executá-lo sem atrasos? Tenho que gastar tempo realizando a tarefa e arrumar tempo extra para realizar a automatização. Após a implementação, ou a adoção da inovação, tudo ficará melhor e mais fácil. Mas, existe uma grande barreira entre o idealizar e o implementar.

Voltando ao tema inicial, muitas pessoas comprometidas com a inovação ajudam e melhoram em muito o processo inovador como um todo. Todos participam da geração de idéias e concepção da inovação, todos dedicam tempo para "fazer acontecer" e já na fase de testes (versão beta) todos já estão adotando e tratando de melhorar, simplificar, e remover os obstáculos encontrados. Ou seja, a adoção da inovação acontece já na fase inicial do processo, não é necessário um grande esforço de modificação de comportamentos e atitudes para que ela seja implementada e adotada de forma plena e satisfatória.

Que a necessidade é a grande geradora e estimuladora das inovações isso eu não tenho dúvida. Muitas vezes, sentimos a necessidade de melhorias e inovações em determinados produtos ou processos, e ao iniciarmos o trabalho com foco nessa necessidade inicial, nos deparamos com algo muito maior que precisa ser avaliado e muitas vezes o projeto inicial pode ser abandonado para centrarmos toda a energia e esforço nesse novo projeto. Mas, nada teria acontecido sem a necessidade inicial que motivou o início do processo.

Nota: Vejam que isso acontece o tempo todo com os produtos da Google. Quando já tem algo funcional disponível, eles colocam em versão beta para os usuários da web testarem e vão aprimorando aos poucos. Vejam que eles tem um Google Labs com várias ferramentas disponíveis para test drive dos internautas.
http://labs.google.com/

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Diversidade para Melhor Inovar

Inovar é criar algo para atender perfeitamente as necessidades dos consumidores e clientes, agregando valor (ao produto ou serviço) e eventualmente gerando lucro que é essencial para manter e evoluir a inovação.

Digo que gerar lucro não é a força motriz da inovação porque ao nosso redor, no dia-a-dia, nos locais de trabalho ocorrem muitas inovações das mais variadas formas e grandezas pelo simples fato de alguém acreditar que aquilo traria valor para alguém (mesmo que esse alguém seja ele próprio) e nunca ninguém irá ganhar dinheiro (lucrar) com essas inovações [comentário de DMNE].

Segundo Tom Kelley (Autor do livro Ten Faces of Innovation) é necessário unir fatores diversos que colaboram para criar um ambiente de inovação, e listou 10 tipos de personalidades que impulsionan o surgimento desse ambiente inovador no mundo dos negócios:

1 - O Articulador
Junta coisas diferentes num mesmo organismo, obtendo um todo que vai além da soma das partes.

2 – O Zelador
É obcecado por detalhes e dedica atenção máxima aos clientes, enxergando antes dos outros quais são seus desejos.

3 – O Bolador
Enxerga oportunidades em mercados aparentemente esgotados e cria situações para que os clientes experimentem novas formas de fazer as mesmas coisas.

4 – O Polinizador
Traz descobertas feitas em outros negócios para o seu empreendimento, adaptando-as para as suas necessidades.

5 – O Corredor de obstáculos
Sabe que o caminho para as inovações é cheio de barreiras e não desiste facilmente. É otimista e incansável.

6 – O Cenógrafo
Transforma ambientes de trabalho em palcos para que as idéias inovadoras possam fluir livremente.

7 – O Empírico
Chega à inovação por tentativa e erro. Não tem medo de testar diversos caminhos para chegar à melhor solução.

8 – O Narrador
Conta experiências -- próprias e de outros -- para inspirar os funcionários e construir um clima propício ao surgimento de soluções.

9 – O Diretor
Fica atrás dos holofotes, mas é quem mantém o grupo unido. Dá chances para que as pessoas talentosas e inovadoras apareçam.

10 – O Antropólogo
Suas idéias vêm da observação do comportamento do cliente. É dali que ele apreende quais são as suas reais necessidades.

De acordo com Kelley, fundador da empresa de design americana IDEO, esses tipos de indivíduos dotados de habilidades específicas conseguem semear idéias originais e garantir vantagens competitivas para um negócio ou produto.

Fontes:
The Ten Faces of innovation – Tom Kelley
Revista Exame: Como nascem as idéias geniais – Frederico Di Giacomo (20.Abr.2006)
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0866/pme/m0081624.html

Agradecimento à Antonio F. Russi, por ter compilado o material.

sábado, 2 de agosto de 2008

Corrida de Autmomóveis - Inovar para quê?

Hoje (sábado) pude ir à corrida de Stock Cars aqui no autódromo de Interlagos (SP)... e fiquei pensando como seria uma inovação nas pistas de corridas.

Surgiram idéias do tipo:
- pistas de borracha para maior aderência dos carros e maiores velocidade nas curvas,
- pista flutuante em lagos e represas, autódromo coberto,
- autorama escala 1:1,
- controle remoto nos carros de verdade e pilotos usando um console de video game;

Mas, como é? Os pilotos ficariam sentados em simuladores de corridas, todos interligados em uma rede de alta velocidade visualizando as imagens filamdas em tempo real pelos carros e os simuladores de realidade virtual passariam as sensações de volta aos pilotos para eles se sentirem no cockpit? Sim, tudo isso aumentaria a segurança para os pilotos e avançaria em muito a realidade virtual e a indústria de games no mundo.

E o público? Iria visitar os boxes ou a computer room para ver os sofisticados servidores para gerar as imagens e simular todas as emoções para o piloto ter a mais real possível das sensações e assim pilotar o carro de forma mais real? Precisaria ter uma injeção de adrenalina para eles se sentirem realmente dentro dos carros?

Ou então o público poderia visitar a sala VIP de cada equipe onde cada um de seus pilotos estaria em um simulador sofisticado pilotando remotamente o carro da escuderia... ou se é para termos a realidade virtual o público poderia ao comprar o ingresso (pela internet) escolher um avatar e esse avatar iria conhecer o site dos boxes da equipe e encontraria com o avatar do piloto e dos mecânicos e chefe de equipe. Já pensou como seria o avatar do Galvão Bueno? Seria algo do outro mundo.

Agora vem a série dos "serás":

Mas, será que seriam pilotos de verdade?
Será que seriam crianças habilidosas no uso do joy stick pilotando carros reais?
Será que existiria alguma equipe agindo de má fé e colocando um super computador pilotando o carro de forma impecável dotado de inteligência artificial e adaptando o estilo a cada volta conforme as modificações físicas do carro e da reação dos outros pilotos?
Será que várias equipes estariam agindo dessa forma e teríamos vários computadores jogando uns contra os outros?
Será que os pilotos (sejam eles adultos ou crianças) viajariam pelo mundo para pilotar as máquinas?
Será que aqui no Brasil a Telefônica com a Speedy deixaria a prova de fórmula 1 ser cancelada por falta de conexão com a rede mundial (os três ""Ws")?
Será que a Anatel tomaria atitudes mais energéticas se a emissora Globo exigisse providências contra a Telefônica?

Se as corridas entrarem num modo cibernético como o descrito acima, como ficariam os patrocinadores?
Teríamos espaços nos servidores e na tela de cada "piloto" onde empresas como Google colocariam propagandas (AdWords ou AdSense) conforme a região, hora, evento ocorrido durante a prova?
E o público será que iria aos autódromos assistir?
E em casa, teríamos as transmissões da TV para o público que não pode ir ao autódromo?
Será que o público teria interesse em ir ao autódromo sabendo que nada passa de um grande é gigantesco vídeogame?
Se as pistas perderem o público real (pessoas), será que as transmissões por TV e por webcast trariam a renda necessária para manter o evento?
E as meninas que ficam desfilando, como seria isso (não consegui imaginar)?
E o salário dos pilotos? Seria algo exageradamente elevado, ou dependeria de quantos cliques o piloto conseguiria direcionar para os sites patrocinadores?

A REALIDADE É OUTRA!
Mas, falando em gente de verdade, tive o privilégio de ir ao autódromo com meu filho e ficamos no camarote da equipe RED BULL onde nos trataram muito bem.

É emocionante para quem vai pela primeira vez a uma pista andar pelo meio dos boxes, conversar com os pilotos e com os mecânicos das equipes, ver todos os carros bonitos, limpos, brilhantes prontos para desfilarem na passarela de asfalto como top models em desfiles de modas e os patrocinadores e chefes de equipes orgulhosos como se fossem os criadores da coleção que seria exibida em breve.

Muitas pessoas (diria que mais de mil) achando que são MUITO especiais por poderem estar nos boxes circulavam entre os carros, pilotos, fotógrafos, repórteres e curiosos, achavam que a festa toda ali era para elas, as "especiais" enquanto o público nas arquibancadas ficava imaginando como é que nós tínhamos conseguido entrar e o que seria necessário para estar lá perto das máquinas.

Mas, na verdade descobrimos que o show não é nosso de quem está nos boxes. Assim que os organizadores começaram a fazer um arrastão e pedirem para todos saírem de lá por que a prova tem horário certo para iniciar devido às transmissões ao vivo do rádio e da TV, descobrimos que o espetáculo de verdade é dos carros, protagonizados pelos pilotos, tendo como coadjuvantes as equipes e nós não passamos de figurantes.

Mais do que depressa esvaziamos os bastidores e nos retiramos para nosso local reservado para assistir ao desfile, digo corrida.

INOVAÇÃO, nenhuma. Mas, é isso que queremos, ouvir o barulho dos motores e sentir adrenalina correndo nas veias quando vemos um pega nas curvas e os carros tocando os parachoques e paralamas, ver a fumaça dos pneus subindo na hora da curva e aquele cheiro de combustível misturado com borracha queimada.

Para quê inovação nisso?

O mundo ainda é real, e nós como pessoas precisamos dessas sensações. O público interage com o público, e com a competição que está ocorrendo.

Foi demais!
Estou esperando a Fórmula 1 chegar esse ano.
Será que conseguirei ir aos boxes?
Será que receberei convites para entrar junto com o patrocinador?

Por enquanto fico no sonho!