quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pensar fora da caixa… que caixa?!?!

Virou quase um mantra nas empresas e em todos os lugares repetir a frase que é necessário pensar fora da caixa.

Já li artigos que comentavam que quando sai da caixa para pensar cai dentro de outra. Ou seja, você nunca sai verdadeiramente de dentro da caixa, e isso acaba sendo um inibidor da innovação que pode aflorar.
pensando_fora_da_caixa_cartoon Estou vivenciando uma experiência sem igual. Mudei minha carreira radicalmente indo trabalhar em uma empresa do segmento químico, totalmente diferente do qual alicercei minha carreira (eletrônica e telecomunicações) em uma área também diferente comandando o setor fabril da empresa (minha carreira foi toda desenhada na pesquisa e desenvolvimento de produtos eletrônicos e projeto de circuitos eletrônicos). Realmente uma mudança que era necessária em minha carreira e tive meus patrocinadores que acreditaram que o meu background técnico não seria nenhuma barreira para o desenvolvimento dos projetos e atingimento das metas estabelecidas.

Mas, o que isso tem a ver com o título do post? Bom, tem tudo a ver.
A empresa tem processos, maquinários e pessoas antigas que teimam em dizer que as coisas só funcionam da forma que sempre funcionaram e que outros que passaram por lá nunca coseguiram mudar. Está claro que todos estão dentro da caixa, aliás dentro da mesma caixa. Quando solicitamos informações, todas as áreas da empresa (incluindo a direção) repetem as mesmas informações e se mostram arredios pensando que algo irá ser mudado.

Quando junto todos os especialistas e proponho a mudança, normalmente solicitando parâmetros nunca antes solicitados, e  fazenddo perguntas não típicas do setor e da indústria acabo destruíndo a caixa que eles estão e trago eles para minha caixa… mas na prática eu desconheço a caixa, não estava dentro da caixa para qual todos sairiam e olhariam aquela caixa por fora. Minha caixa está muito distante, dessa forma eu digo que não estou dentro de caixa nenhuma e acabo trazendo todos para fora da caixa.

Ou seja, desconheço a caixa e os paradigmas que necessitam ser quebrados e isso bagunça as idéias pré-concebidas da equipe e força a todos ficarem abertos para as mudanças que não sabemos quais serão.
Os resultados estão sendo surpreendentes. Deixaria qualquer empresa “inovadora” com inveja dos resultados rápidos e valiosos que temos conseguido. Ganhos de produtividade, aumento da qualidade, e redução de custo.

Com as poucas experiências obtidas, já mostramos para todos os envolvidos (operadores, pessoal administrativo e diretoria) que tudo é possível e quando falamos em mudar outro processo ou método ou máquina ou característica de produto, todos ficam ansiosos para a reunião de kickoff do projeto e rapidamente se preparam para a nova realidade e para os testes necessários. Assim que alguns resultados rápidos aparecem, são instantaneamente implementados.

Enquanto metas claras são estabelecidas para que eu prossiga com as mudanças necessárias para o crescimento da empresa, minha meta pessoal é que a diretoria e todos responsáveis pelo planejamento da produção percam os números de referência por completo.

Um dos resultados obtidos permitiu um ganho de produção tal que a empresa desistiu de investir em novo maquinário que custaria milhões de Euros e já está mudando o planejamento estratégico da forma normal da operação. Esta mudança empurrou o gargalo produtivo para outra etapa no qual requer um investimento muito menor para suprir.

Estou trazendo uma visão para o setor produtivo que não existe na competição (pois não vim dos competidores) e necessito usar como referência empresas de setores equivalentes mas que não disputam o mesmo mercado ou segmento. Produtos diferentes com maquinários semelhantes. Tem funcionado.
Minha sugestão é que mesmo que esteja inserido no setor que conhece profundamente, tente ignorar a caixa por completo e redesenhar o processo ou produto a partir do guardanapo de papel usado durante a refeição. Conheça os operadores, as pessoas que conhecem o histórico da empresa e visite empresas que não são concorrentes diretas mas podem  mostrar as soluções que você procura devido a ter as mesmas necessidades.

Mas, não seja louco. Precisa antes fazer um trabalho de base com a diretoria da empresa para que eles apoiem os projetos e as loucuras que estará propondo. Comece pequeno e mostre os resultados continuamente. Seja vendedor de suas idéias. Ou comece grande para que o impacto profundo abra todas as portas e seja o rolo compressor para derrubar todos os paradigmas existentes durante sua vivência dentro da empresa.

No nosso caso eu tenho apoio total da diretoria e dos líderes e operadores da produção. Os que não precisam apoiar ficam olhando de fora tentando entender o que vai acontecer.
 
É como criar um Oceano Azul dentro do processo produtivo. (Recomendo a leitura do livro de Kim e Mauborgne: A Estratégia do Oceano Azul, ou The Blue Ocean Strategy)

Um colega de fora disse que isso passa rápido e logo entrarei na mesmisse e o ritmo frenético que estou terminará. Eu não acredito nisso e lutarei para isso não acontecer. Já sinalizei que existe muito espaço para a empresa crescer e expandir e que faço parte desse plano.

(visite meu blogspot:  http://e-innovate.blogspot.com)

Um comentário:

Mauricio Domene disse...

Que bacana, heim?
Fico super feliz que a mudança está trazendo resultados. Você fez uma aposta alta e está dando certo. Ou melhor, que está fazendo isso dar certo.

Continua contando essas experiências no blog. Quem sabe lá na frente não vira livro? :-)